Archive for the ‘Textos’ Category

Meninas, cuidado com os piercings

Credo! Esse título até parece que saiu de um blog de moda ou coisa parecida. Mas achei bem clichê e ao mesmo tempo até um pouco bizarro, o que torna tudo muito irônico. Bom, enfim. Quero compartilhar com a galera um fato que aconteceu com a minha namorada alguns dias atrás e que vale como ponto de atenção as meninas (e talvez meninos também, pois vai saber…).

Ela estava com ideia de colocar um piercing. Não sendo aqueles de nariz (tudo bem, acho que até seria negociável), por mim, sem problemas. Apoiei a decisão. Fomos ao estúdio e em questão de minutos estava pronto. Uma joia bem legal em formato de crucifixo, produzida em aço cirúrgico. Até aí tudo certo. Os problemas começaram quando ela percebeu que não conseguiria colocar os óculos porque machucaria a orelha que segundo ela estava doendo muito. Quando chegamos em casa, ela começou a fazer uma compressas com água e sal (recomendação da guria que colocou o piercing), pois acho que aliviaria a dor e ajudaria na cicatrização.

piercing_macaroni

Passados um, dois, três dias e o negócio não tinha jeito de se aquietar. Ela reclamava muito de dor. Disse que faria mais umas trinta tatuagens de coruja, igual a que tem na perna, que por sinal, é grande e colorida pra chuchu, em troca de colocar outro piercing.

No quarto dia ela pediu arrego. Não aguentava mais. E com razão, pois estava ficando até perigoso deixar a joia no lugar. Falando com a moça que fez a aplicação, a orientação foi remover com urgência.

piercing_bianca

Como estava a situação horas antes da remoção

É claro que essa situação foi bastante atípica, afinal, tem tanta gente que coloca piercing nos lugares mais inusitados, sem choro ou arrependimento. Mas como dizia uma professora ainda da época de escola: “cada caso é um caso”. Por isso vale pensar e repensar todos os riscos antes de fazer essa escolha.

Fazendo aniversário de novo

Acho meio deprimente fazer aniversário. Infelizmente consigo visualizar mais pontos negativos que positivos nessa data. Tudo bem que a intenção é celebrar mais um ano de vida, a data que nascemos, mais uma vida que chegou no mundo naquele dia, mas mesmo assim parece que não compensa. Afinal, a gente está ficando um ano mais velho e ninguém gosta de ficar velho. Além da idade, pessoas introvertidas como eu, talvez tímidas se é que posso dizer, sofrem ao receber tantas parabenizações. Aquelas recebidas pelo Facebook ou Whatsapp, tudo bem, é fácil agir com educação e até fazer uma ou outra piadinha pra responder, mas receber as pessoas que ainda tem o hábito de telefonar ou mesmo visitar nesse dia, é bastante constrangedor. Eu nunca sei ao certo o que dizer. Só agradeço, pois não sei se tem mais alguma coisa pra acrescentar. Já vi gente que agradece e deseja tudo em dobro, mas parece tão insensível. É como se a pessoa que recebe as felicitações está rebatendo os sentimentos contra a pessoa que deseja, igual um jogo de pingue-pongue. Tem também os números. Sim, os números! Já percebeu que é possível brincar com isso? Maioridade, dois patinhos na lagoa, meio século. Essas ainda são tranquilas, mas tem as mais safadas, por exemplo, a que eu fiz ontem; 24 anos. A fonética desse número não agrada. Não vou descrever em detalhes aqui, mas entenda como quiser. Outra idade indecente são os 69 anos. Coitados dos velhinhos. É um simbolo sexual!

birthday_dog

De qualquer forma, fazer aniversário é necessário. Não podemos evitar isso. É como trabalhar e estudar. Aposto que muita gente, se pudesse, não trabalharia e muito menos estudaria. Tudo pareceria bem mais fácil. Mas a verdade é que existem ações e reações inevitáveis durante a vida de uma pessoa. O melhor que podemos fazer é encarar os fatos. Eu, você e todas as pessoas um dia vão chegar, já chegaram ou até mesmo já passaram pelos 24 anos e alguns até os 69 anos também. É inevitável! Todos passam por isso.

Faltou a lição do carburador

Quem nunca me viu sentado atrás de um volante de carro ou montado em uma moto, até pode duvidar, mas acreditem ou não, aprendi a andar de moto com apenas 10 anos. Quase não conseguia alcançar os pés no chão, mas tenho boas lembranças das tardes de sábado ou domingo quando meu pai tirava a velha CG 125 (branca / 1986) da garagem e descíamos até o fim da rua pra eu tentar os primeiros arranques. Enquanto isso, ele ficava sentado no cordão da calçada com meu irmão pequeno, apenas observando.

Acho que eu nunca trocava as marchas, andava apenas na primeira, pois usar a embreagem parecia complicado. Eu andava fazendo a volta a cada 100 m, linha reta e depois uma voltinha pra direita, colocando o pé no chão pra apoiar. O grande problema aparecia quando eu deixava o motor apagar. Era “dugdin, dugdin, dugdin”, pedalando freneticamente, mas a bicha não voltava a “pegar”. Até que meu pai precisava montar e apenas com uma pedalada fazia o motor roncar. Nunca entendia o que ele fazia de diferente. Obviamente as pernas dele eram maiores e ele tinha mais força, mas eu parecia pedalar com tanta convicção que o motor deveria funcionar.

riding_a_motorcycle

Depois de tantas vezes que a cena descrita foi repetida, um dia resolvi perguntar pra meu pai qual era meu problema quanto a não conseguir fazer a moto “pegar”. Ele apontou uma pequena alavanca localizada abaixo do tanque de combustível, a qual controlava o carburador. Puxando a alavanca pra cima, liberava alguma “função” que facilitava muito a tarefa de fazer o motor ligar, o que consequentemente parecia deixar a moto “afogar” se ela sempre estivesse “puxada”, então, logo em seguida, meu pai colocava a alavanca no lugar novamente e deixava eu continuar andando.

Depois que meus pais tiveram filhos deixaram a moto de lado. Durante todo ano ela ficava parada na garagem e apenas no verão a gente tirava ela pra eu aprender. Acho que isso não fazia muito bem ao motor, pois sempre meu pai levava quase um dia desmontando tudo (velas, bicos, agulhas e as vezes o próprio carburador), removendo a gasolina velha e injetando a nova até fazer a moto funcionar. Acredito que seja por isso que a gente precisava ficar controlando o carburador através da pequena alavanca. Ele parecia meio desregulado. De qualquer forma, não lembro se perguntei ao meu pai sobre ele não ter comentado antes dessa regulagem usando a alavanca do carburador, pois eu sofria pedalando e pedalando enquanto tentava ligar a moto. Mas apesar de não lembrar da pergunta ou mesmo da resposta, posso dizer que nunca entendi o motivo pelo qual ele não havia falado sobre o carburador antes.

Mulheres e suas mil e uma bolsas

Alguém ai já parou pra calcular a média de quantas bolsas uma mulher normal costuma carregar? Bom, eu diria entre 2,5 à 3,5 bolsas. Uma estimativa alta, mas bastante realista. Afinal, as mulheres adoram carregar bolsas.

Observando a movimentação em um ponto de ônibus, lugar com grande fluxo de pessoas, podemos constatar que além da bolsa principal, boa parte das mulheres carrega também uma sacolinha de papelão comum, dessas de butique ou qualquer outro segmento do varejo. Imagino que naquela sacolinha elas devem levar potes com comida (para o almoço) ou potes com bolos, tortas e outros doces (para distribuir entre as colegas), pois sempre tem aquelas que preferem comer apenas da própria comida pra não engordar, além da mania de querer agradar os outros.

Já outras carregam a bolsa principal e mais uma mochila. Essas são nível executivas freestyle. Carregam a bolsa principal porque toda a mulher precisa de uma, além da mochila, local adequado para levar seu notebook, documentos e pastas. E acima de tudo, sem perder o estilo.

mulher_usando_bolsa

Mas apesar das inúmeras variações e combinações que podemos encontrar por aí, podemos também descrever pontualmente as mulheres que carregam três bolsas. Obviamente uma delas é a bolsa principal, a mais requintada e que agrega mais valor. A outra é uma bolsa mais simples. Algumas ao nível daquelas sacolas ecológicas com tecido reciclável. Possivelmente as coisas de menos valor estão nessa bolsa, pois o cuidado é menor. E por último fica a menor de todas. Uma bolsinha minúscula. É possível que encaixe lá dentro apenas um frasco de esmalte e um batom, mas mesmo assim, elas não deixam de carregar. Afinal, é prática e não pesa quase nada.

Sinceramente, deve ser bom ter tudo o que você quiser, no lugar que você estiver e na hora que você quiser. E seguindo o que a sabedoria popular diz, se as mulheres realmente sofrem desse sentido de precaução, querendo carregar tudo e todos para qualquer lugar, deve ser por isso carregam tantas bolsas.

“Eu faço!” E nós como fica?

Fazem 34 anos que meu pai trabalha na mesma empresa. Por 25 anos ele é gestor de uma equipe com mais de 20 pessoas. Observando o trabalho dele, principalmente na época que trabalhei nessa empresa, mas em outro departamento, percebi que ele nunca faz referência para algum serviço ou procedimento executado na sua rotina de trabalho descrevendo algo como “eu trabalho dessa forma…” ou “eu faço desse jeito…”, mas sempre “nós trabalhos assim…” ou “nós fazemos dessa maneira…”. Meu pai é consciente que ele sozinho, sem a dedicação e a força da equipe, não conseguiria coisa alguma, ao mesmo tempo que a equipe, sem o conhecimento e a orientação dele, possivelmente também não conseguiria um bom resultado. Outro ponto que admiro é que durante todos esses anos nunca ouvi ele referenciar a equipe que gerencia como “minha equipe”, mas sempre, “nossa equipe”. É uma maneira acolhedora para falar sobre as pessoas com quem ele trabalha e acho isso fabuloso.

trabalho_em_equipe

Meu primeiro emprego foi quando eu tinha 17 anos (faltavam 2 meses pra completar 18 quando comecei um estágio) e hoje com 23 anos, já passei por três empresas. Não tive muitos gestores diretos, basicamente um ou dois em cada empresa, mas minha habilidade de observação e identificação de situações “por tabela” sempre ajudaram na percepção de muitas coisas que julgo erradas. Um exemplo são as situações que descrevi no início do texto. Alguns gestores tem o terrível hábito de carregar somente consigo os méritos pelos resultados da sua equipe. Não compartilham com os demais e quando são perguntados sobre a forma como trabalham, colocam o “eu” em primeiro lugar, esquecendo dos seus subordinados.

Felizmente nas equipes pelas quais passei, incluindo a que faço parte atualmente, isso nunca foi comum, e sempre que acontecia, muitas vezes as próprias pessoas percebiam seus erros ao relatar tal situação. Mas seguindo o que comentei, observando as demais equipes ao redor, ao longo dos anos, já presenciei gestores levando todo o mérito pelo trabalho da sua equipe, sem ao menos tentar privilegiar o seu time ou de alguma maneira dizer que eles também são responsáveis pelos resultados celebrados. Concordo que não estou em posição de dizer o que é certo ou errado no âmbito de gestão, mas tem coisas na vida que não precisamos estudar durante anos e viver por mais alguns pra defender e saber quando alguém está certo ou errado.

A vida e a vontade de viver

Sempre que alguém morre de forma repentina fico bastante impressionado. “Bá, fulano morreu! Até ontem ele estava bem e tal…”. Foi assim com a morte do ex-político e ex-candidato a presidente, Eduardo Campos, na semana passada. Uma noite antes do acontecido ele estava sendo entrevistado no Jornal Nacional, o telejornal mais famoso do país. Na noite do acontecido, a mesma dupla, William Bonner e Patrícia Poeta, quem havia entrevistado o cara, anunciava a sua morte.

life_has_no_ctrl_z“A vida não tem CTRL + Z”

Ontem eu passei mais de 3 h e 30 min aguardando atendimento na emergência de um hospital (por incrível que pareça, um hospital particular). Estava mal da gripe, forte dor de garganta, e pra completar, sem voz. Precisava de um apoio médico, além de medicação. Enquanto esperava, fiquei observando as pessoas ao redor. Prestei atenção em uma senhorinha, provavelmente com seus 80 e poucos anos, aparentemente acompanhada da filha. Ela estava aguardando por um leito. Provavelmente iria passar por algum tratamento intensivo ou algo do tipo, o que necessitava de internação, pois não parecia estar tão ruim assim, inclusive comentava ironicamente, brincadeira mesmo, com um e com outro sobre a demora excessiva nos atendimentos. Fiquei intrigado com uma pasta de plástico transparente, repleta de documentos e exames que a filha dessa senhora carregava. Comecei a imaginar a luta pela qual as pessoas passam na intenção de viver um pouco mais. Pensei em quantos exames essa mulher já precisou fazer. Quantos raio X, ultra-sons ou ressonâncias? Talvez até use algum marca-passo para monitorar o coração ou um cateter para aplicação direta de medicação.

E esse é apenas um exemplo. O pior é pensar em quantos milhares e milhares e pacientes lutam diariamente pela vida. Sofrem pela angustia da morte. Resistem e querem viver a mesma vida que pode ser apagada em um piscar de olhos, acabando com a tripulação inteira de um avião, gente que estava saudável, e sem esperar, no desenrolar de poucos segundos, tem sua vida interrompida.

Fucking Josinelsons

Tenho um colega que tem o hábito de brincar e chamar as pessoas de “Josinelson”. Mas não é por qualquer motivo. Geralmente isso acontece quando essa pessoa faz alguma bobagem, fica pateteando e acaba falando ou tomando uma atitude anormal. Outros colegas da equipe também aderiram essa mania, inclusive eu.

Não é recente meu costume de usar o nome “Josinelson”. O quase falecido Orkut pode comprovar, enquanto estiver ativo, exibindo as fotos dos bonequinhos que eu fazia com pedaços de cabo de rede ainda na época do curso técnico, os quais eram integrantes da “Família Nelson”. Eu havia concebido o “Rominelson”, o “Jabilionelson” e obviamente o “Josinelson”, o progenitor dos demais. Segundo minha mãe, essa família era uma homenagem, mesmo que de forma indireta, ao meu tio Nelson. No entanto, ainda prefiro acreditar que é apenas porque “Josinelson” é um nome engraçado, não comprometedor como “Jacinto” ou “Nicolau”, mas simplesmente engraçado.

orkut_album_josinelson_o_boneco_de_cabos_de_rede

E falando em “Josinelsons”, vamos ao objetivo principal, pelo qual tive o insight de escrever esse texto. Não foi nada muito surpreendente, apenas uma “josinelsisse” que fiz mais cedo, enquanto tentava chegar em casa. Basicamente eu estava esperando a carona do meu pai quando vi o ônibus que passa na esquina da minha casa chegando na parada. Outros ônibus estavam enfileirados na frente dele, por isso, comecei caminhando na direção do coletivo. Cheguei próximo a porta, mas ainda não era o local apropriado para subir, então, continuei andando, andando e andando, até que o ônibus seguiu sem abrir a porta. Fiquei bravo e com cara de “Josinelson” porque achei que o motorista havia percebido pelo retrovisor que eu queria embarcar, mas infelizmente, parece que ele não viu ou fez que não viu.

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Provavelmente foi burrice da minha parte, quem sabe alinhada a ignorância do motorista. Estou consciente que dessa vez  foi só um ônibus e na verdade eu nem precisava pegar ele. Mas e se na próxima perder um avião, um barco, um navio ou um trem? Não quero passar por “Josinelson” novamente.

Meu Guardachuveè Esbugalhadeè

O inverno é uma das estações mais chuvosas do ano. Não é pra menos que aqui no Sul a chuva chegou pra ficar, não arredando o pé desde o fim da semana passada, caindo por cinco dias consecutivos. Pra não perder o ritmo, hoje de manhã quando cheguei no trabalho, estava chovendo. Desembarquei do ônibus no meio de uma multidão de guarda-chuvas e sombrinhas. Lembrei de um episódio em Quebec (QC) no Canadá, durante o fim de semana que viajei com alguns amigos, aproveitando o feriado de Ação de Graças.

Saímos de Toronto por volta das 11:30 da noite de sexta-feira e chegamos em Quebec mais ou menos às 07:00 da manhã de sábado, por sinal, abaixo de chuva. Mas turista não quer saber do clima. Por isso, desembarcamos do ônibus no Assemblée Nationale (Assembléia Nacional) durante uma torrente que desabava do céu. O pessoal não parecia muito prevenido, tanto que acabei abrigando um trio de mexicanas calientes na minha sombrinha caquética, infelizmente por pouco tempo, pois acabaram sendo desvencilhadas na multidão.

quebec_city_tour_outubro_2012Galera na chuva

Na medida que fomos descendo até o Observatoire de la Capitale (Observatório da Capital) a chuva foi acalmando e quando chegamos no centro da charmosa Quebec, uma pequena trégua possibilitou fechar minha fucking sombrinha comprada no Chinatown em Toronto, mas por pouco tempo, pois em minutos precisei novamente abrir aquele aramado coberto com tela de plástico, soltando um “My umbrella is like a pussy!”, o que rendeu o olhar intrigado de uma senhora que passava na rua. A cada loja que entrava, largava minha sombrinha na porta, sem fechar nem nada, pois se fizesse, corria o risco de não voltar a abrir. Resolvi arriscar e fechar a bagaça quando entrei em uma cafeteria junto com o pessoal. Estávamos molhados e com frio, era hora de uma bebida quente. Na saída, sem grande surpresa, minha sombrinha emperrou ao ponto de fazer eu lançar ela na próxima lixeira.

joatan_fontoura_quebec_sombrinha_quebrada Ignore a cena – Atente pra minha sombrinha esbugalhada

Passamos a ser três pessoas pra uma única sombrinha. Eu estava literalmente na chuva, sem proteção alguma. Seguimos andando quando no quarteirão seguinte encontrei outra lixeira, mas dessa vez, ao contrário de levar meu velho guarda-chuva quebrado, Quebec estava trazendo uma clássica e ousada sombrinha canadense. E apesar de uma das hastes quebradas, um guardanapo de papel foi suficiente pra limpar o melado de sorvete em torno do plástico.

joatan_fontoura_quebec_sombrinha_achadaCame up from the garbage

Nota: Eu gostei tanto daquela sombrinha que acabei levando ela pra Toronto e usei algumas vezes durante os meses seguintes. Sério, só não trouxe ela pra casa porque não consegui lugar na mala.

E pelas Estrelas andando

Durante as últimas duas semanas passei envolvido com um livro. O nome da obra é A Culpa é das Estrelas (The Fault in Our Stars). Provavelmente você já ouviu falar, pois é um recente best-seller americano, assinado por John Green. Não digo que comecei a ler pelo acaso, mas sim, porque mesmo antes de conhecer a história, julguei ser um bom livro. E realmente ele é. Em uma avaliação limitada entre notas de 0 à 10, eu arriscaria um 7,5. A pior parte foi perceber que eu estava lendo um romance, isso lá pela página 50, quando já era tarde demais. Nada contra romances, acho mesmo que é uma questão de princípios conservadores, acreditando que homens não podem gostar de romances e mesmo que arrisquem ler, é necessário fazer na penumbra, escondendo a capa para que os outros não vejam.

a_culpa_e_das_estrelasLivro: A Culpa é das Estrelas – John Green

Sem surpresa alguma, a cada página que avançava, mergulhava ainda mais na história, passando por uma maratona intensa de altos e baixos junto com os personagens. Confesso que fiquei abatido com a trama, impactando em algumas percepções cotidianas. Fui remetido aos tempos de escola, mais precisamente durante o fim do ensino fundamental,  quando em poucos dias finalizava as leituras propostas pelos professores, muitas delas obrigatórias e contra a minha vontade. Por sinal, romances, indicados pelas professores de Língua Portuguesa. Eu detestava ler, mas sempre a história acabava de uma forma ou de outra ficando marcada no meu intelecto. Apesar de ter perdido um ou outro detalhe, boa parte deles eu lembro até hoje, além de aproveitar termos e referências, o que enriqueceu meu repertório, parafraseando o que havia lido.

ingressos_filme_a_culpa_e_das_estrelasFilme: A Culpa é das Estrelas – Baseado no livro

Mas voltando as Estrelas, eu poderia ficar aqui defendendo o livro, justificando através de mil e um argumentos que a história é emocionante, serve como exemplo de valorização plena da vida e que a gente nunca mais vai encontrar um livro tão comovente como esse. Basicamente seria uma grande mentira, pois cada um tem o seu entendimento sobre a história e sua dimensão, sem direito de influenciar na percepção dos outros. A minha percepção decorreu durante dias, uma admirável e trágica tortura.

A ruvinha da biblioteca

Como diria meu amigo Marcos Barbosa: “Não que eu seja um deus grego, mas…”. Obviamente ele nunca disse isso pra mim (ufa!), mas foi uma descrição que ele usou pra enfatizar o dia em que uma menina pulou pra o lado e gritou “Meu deus!” quando viu ele parado na fila do cinema. Na condição de nerd e gordo, também não sou nenhum deus grego. E quando a gente não é um deus grego, as meninas nem se ligam na nossa presença. Afinal, é só mais um entre uma multidão de pífios mortais.

Jéssica Rabbit – Só ilustrando…

Mas a questão é que mesmo não sendo um deus grego, algumas meninas chegam encarando o cara de um jeito diferente, como é o caso da ruivinha que trabalha na biblioteca. Já faz algum tempo que toda a vez que passo por essa ruivinha ela fica olhando, olhando e olhando pra mim. Fico até meio constrangido, pois talvez eu esteja com casca de feijão nos dentes, meleca no nariz ou cocô de passarinho no cabelo, mas acho que não é o caso. A ruivinha deve enxergar alguma coisa em mim que chama a atenção dela.

Só que eu sou nerd, não domino muito esses paranauê de catandas, paquera, azaração ou seja lá a definição menos cabreira pra isso. Já pensei em chegar na ruivinha e perguntar “Oi! Vem sempre aqui?”, só que provavelmente ela responderia “Hein? Eu trabalho aqui!”. Pensei também em convidar ela pra tomar um suco, um refri, umas brejas, mas sei lá. Qualquer dia desses eu ainda resolvo perguntar se o cachorrinho dela tem telefone.