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Aprende a amarrar seus cadarços

O Vicenzo — afilhado da @bibspotter — está aprendendo a amarrar o cadarço do tênis. Ele está com 8 anos. Foi por esta idade que eu aprendi a amarrar os meus.

Mas antes de alcançar essa independência, eu lembro que quando minha mãe me arrumava para a escola, ela fazia um nó duplo nos cadarços dos meus tênis, pois assim, a probabilidade de eles desatarem seria menor. E geralmente funcionava muito bem. Não precisava refazer o nó até a hora de chegar em casa.

Menino olhando para o seu tênis

No entanto, nas vezes que acontecia na escola — principalmente durante as aulas de educação física — do tênis desamarrar o cadarço, batia o desespero. Nas primeiras vezes, a professora ajudava, porém, depois ela começou a delegar a atividade aos colegas que já sabiam executá-la. E ela nem preocupava-se com a ponte: “Fulado, vai amarrar o cadarço do Sicrano!”. Não! Ela mandava a gente ir pedir para o colega.

Vergonha pra quê, né? Geralmente, eu pedia para uma menina. Elas são mais habilidosas e desde cedo achei que é mais fácil se mostrar vulnerável ao sexo oposto. Então, alguma delas me ajudava. Nem sempre era de boa vontade — ao menos, a escolhida não expressava uma cara muito alegre, — apesar de cumprir com o objetivo.

Felizmente isso foi uma fase. Atingi minha liberdade quando aprendi a dar nó em cadarço de tênis. Talvez o jeito que eu aprendi foi o mais difícil e menos eficiente. Nunca fui bom com cordas. Inclusive, até hoje eu sigo fazendo o mesmo nó duplo que minha mãe fazia, pois evita desamarrar ao caminhar na rua, e com isso, não preciso ficar me expondo na amarração.

Sofria bullying na escola, mas também bulinei os outros

Para os padrões atuais seria bullying. Já na minha época, há 20 e poucos anos, quando eu estava nas séries iniciais do ensino fundamental, era zoeira, tiração de sarro, pirraça.

Eu sofri bullying na escola. Como sempre fui gordinho, frequentemente ouvia frases que se repetiam, tais como: “Gordo baleia, saco de areia…” ou “Vai explodir, vai explodir…”. Essas coisas.

Uma vez, na 4ª série, estávamos estudando práticas que envolveriam um treinamento de incêndio. A professora disse, que em um caso real, se tivessem que quebrar as janelas para resgatar os alunos da sala de aula, os mais magrinhos iriam primeiro. Depois, na hora do recreio, ouvi uma colega se lamentando para outra, dizendo: “Coitado do Joatan. Ele seria o último no resgate.”.

bullying com gordinho
Bullying com gordinho

Pois é. Mas no meu caso, nem só de bullying viveu o bulinado. Eu também bulinei os outros. Infelizmente, não as mesmas pessoas que me zoavam. Na verdade, fui covardão. Acabava implicando com os colegas tão vulneráveis quanto eu.

No entanto, meu bullying não era tão pesado — eu acho. Basicamente eu inventava apelidos.

Tinha um colega que eu chamava de “Bigo”. O título era em razão dele ter um bigodinho. Crianças com 10 anos ainda não têm bigode, por isso, eu achava curioso. E era engraçado — não pra ele, mas pra mim — até porque, eu acabava influenciado os outros a chamarem ele assim também. Mas nós convivíamos relativamente bem com isso, tanto que na 5ª série ele era um dos meus melhores amigos.

menino com bigode
Menino com bigode

Em outra ocasião, eu inventei de chamar um menino de “Lerdo”. E ficou. Em pouco tempo, outros alunos também estavam chamando-o dessa forma. Ficou chato, já que na entrega de boletins, enquanto eu estava na fila com a minha mãe, ouvi a mãe dele falando pra mãe de outro colega, que iria reclamar com a professora. Afinal, os meninos estavam chamando o filho dela de Lerdo. Fiquei bem quieto. A partir do dia seguinte, eu é que não chamava mais ele assim.

É bem provável que todo mundo tem uma história de zoação na escola. Seja sendo caçoado ou caçoando alguém. Certamente rende alguns posts pra contar tudo. Entretanto, bullying não é nem um pouco legal. E nas gerações de hoje, pelo que a gente observa, a galera costuma pegar mais pesado do que antigamente. Então, pelo certo ou pelo errado, com certeza é melhor ficar longe desse rolé de tirar sarro dos outros.

Vamos, todos estão esperando por você!

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“Todos os parentes estão na sala esperando por você.”

Bem por aí. Fazia de tudo pra não precisar ir dizer “Oi”.

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Fonte: 9gag via Instagram

Acordado durante toda a noite

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Ignorando a idade

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“Não importa a minha idade! Segure meus sapatos…”

Fonte: 9GAG via Instagram

Sabe que horas passa o Canela?

Todos os dias pra ir trabalhar, pego um ônibus exclusivo para o pessoal da empresa. É um fretamento, resultado de um acordo entre a empresa e a companhia de ônibus. Geralmente o motorista é o mesmo, consequentemente já conhece todos os passageiros e suas respectivas paradas. Semanas atrás, no ponto em frente a UPA de Canudos, ainda aqui em Novo Hamburgo, o coletivo parou, abriu a porta e uma voz fina, de criança, perguntou: “Sabe que horas vem o Canela?”. Não escutei nenhuma resposta, provavelmente o motorista apenas comprimiu os ombros, fazendo sinal de que não sabia.

As meninas que sempre embarcam nesse trecho, entraram comentando: “O gurizinho pergunta do Canela pra todo o ônibus que passa.” Fiquei imaginando aquela criança. Talvez tivesse uns 10 ou 11 anos. Realmente não consegui ver, mas penso que ele poderia estar vestindo uma camiseta azul com alguma estampa qualquer. Uma bermuda quadriculada, caindo pelos joelhos. Na mão, uma sacola plástica talvez com algumas roupas e um pacote de bolachas. Poderia estar acompanhado, a mãe segurando o irmão menor nos braços, a tia sentada no banco, ou ainda a avó, usando um vestido surrado, também azul, mas todo florido, segurando uma pequena bolsa pendurada no ombro direito.

O menino não estava preocupado. Estava lá, firme e forte, tentando descobrir o paradeiro do ônibus que levaria ele e sua família pra Canela. Ele continuaria perguntando, perguntando e perguntando. Poderia demorar mais 10, 20, 30 minutos ou mais. Ninguém sabe dizer ao certo. O menino apenas continuaria perguntando que horas viria o ônibus que vai pra Canela.